sexta-feira, 29 de julho de 2011

Sousel, Pelourinho

A primeira referência a Sousel é feita no documento do foral de Estremoz, dado por D. Dinis em 1285. A fundação da vila é tradicionalmente atribuída a D. Nuno Álvares Pereira, que se teria recolhido aí antes da batalha dos Atoleiros, justamente decorrida nos campos entre Sousel e Fronteira, embora não exista qualquer dado histórico que o possa provar. De facto, sabe-se apenas que foi elevada a sede de concelho no séc. XVII, e que integrava as extensas coutadas da Casa de Bragança, o que liga a história da vila à descendência do Condestável, parecendo justificar a citada lenda de fundação. D. Beatriz Pereira Alvim, filha de D. Nuno e herdeira da casa mais opulenta do reino, foi a primeira mulher de D. Afonso, filho natural do Rei D. João I, Conde de Barcelos e primeiro Duque de Bragança, fundando-se assim a casa senhorial mais poderosa do reino.
O pelourinho de Sousel ergue-se na actual Praça da República, junto ao edifício dos Paços do Concelho. Trata-se de uma reconstrução de meados do século XX, feita com aproveitamento dos elementos originais. Sabe-se que em 1940 o mesmo se encontrava em fragmentos, guardados nas arrecadações municipais, estando os ferros em poder de um particular, e que a Câmara Municipal tinha nessa altura a intenção de o restaurar e levantar no local original (ESPANCA, Túlio, 1943). Hoje pode-se enfim apreciar o monumento, de clara tipologia quinhentista; a ligação da localidade à Casa de Bragança torna apelativa a hipótese da construção deste monumento datar de c. 1500, quando D. Manuel I, tio de D. Jaime de Bragança, 4º duque, lhe restabelece os títulos e terras do ducado, perdidos aquando da execução de D. Fernando II, 3º duque, sob acusações de traição e conspiração contra o rei D. João II.
O pelourinho, levantado sobre soco de quatro degraus quadrangulares, de arestas salientes e boleadas, consta hoje de uma base paralelepipédica, um fuste oitavado liso, capitel, remate e grimpa. O capitel é constituído por duas peanhas oitavadas e molduradas, em quatro de círculo côncavo, uma invertida sobre a outra, e unidas por anel circular decorado com nervuras helicoidais e botões. O remate consiste num pilarete de secção circular, com o topo arredondado, decorado com nervuras helicoidais, e cingido na base por dois troncos entrelaçados, ao modo das tradicionais representações da coroa de espinhos. No topo estão quatro cabecinhas humanas, dispostas cardinalmente, de cujo centro sai a grimpa. Esta é composta por um eixo de ferro forjado terminado em cruz trifólia, sob a qual se dispõem uma bandeirola e uma pequena esfera armilar. Entre o fuste e o capitel conservam-se os ferros de sujeição, terminados em cabeças de dragão, com as argolas. SML
(Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico)

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