sábado, 27 de agosto de 2011

Fontaine-lès-Dijon, foi por aqui que nasceu S. Bernardo, grande entre os cistercencenses presentes na fundação de Portugal e autor das regras dos Pobres Cavaleiros de Cristo, também conhecidos como templários ou tempeiros

Nascido em 1090, numa grande família nobre da Borgonha, no castelo de Fontaine-lès-Dijon, Bernardo foi o terceiro de sete filhos de Tescelin o Vermelho (Tescelin Sorrel) e de Aleth de Montbard.
Com a idade de nove anos, é enviado para a Escola Canônica de Châtillon-sur-Seine, onde mostra um gosto particular pela literatura.
Em 1112, decide entrar na Abadia de Cister, fundada em 1098 por São Roberto de Molesme, e na qual Santo Estevão Harding havia acabado de ser eleito Abade. Convence vários amigos, irmãos e parentes a ingressarem com ele na vida monástica e chega assim com outros 30 candidatos para entrar na Abadia.
Em 1115, Estevão Harding envia-o à frente de um grupo de monges para fundar uma nova casa cisterciense no vale de Langres, em Ville-sous-la-Ferté. A fundação é chamada "Vale Claro", ou Clairvaux – Claraval. Bernardo é nomeado Abade desta nova Abadia, e confirmado por Guilherme de Champeux, bispo de Châlons e célebre teólogo.
Os primórdios de Claraval são difíceis: a disciplina imposta por São Bernardo é bastante severa. Bernardo busca formação nas Sagradas Escrituras e nos Padres da Igreja. Ele tem uma predileção quase exclusiva pelo Cântico dos Cânticos e por Santo Agostinho. O livro e o autor correspondem às tendências da época.
Muitas pessoas afluem à nova abadia e Bernardo acaba por converter toda sua família: seu pai, Tescelin, e seus cinco irmãos tornam-se monges em Claraval. Sua irmã, Umbelina, toma igualmente o hábito no priorado de Jully-les-Nonnains.
A partir de 1118, novas casas são fundadas (a exemplo da Abadia Nossa Senhora de Fontenay, para evitar a superlotação de Claraval.
Em 1119, Bernardo faz parte do Capítulo Geral dos Cistercienses convocado por Estevão Harding, que dá sua forma definitiva à Ordem. A Carta da Caridade, que é então redigida, é confirmada pouco depois pelo papa Calisto II.
É nesta época que Bernardo escreve suas primeiras obras, tratados e homilias e, sobretudo, uma Apologia, escrita a pedido de Guilherme de Saint-Thierry, que defende os beneditinos brancos (os cistercienses segundo a cor de seu hábito) contra os beneditinos negros (clunisienses). Pedro, o Venerável, abade de Cluny, responde-lhe amistosamente, e apesar de suas diferenças ideológicas, os dois homens tornam-se amigos. Ele envia igualmente numerosas cartas para incentivar à reforma o resto do clero, em particular os bispos. Sua carta ao arcebispo de Sens, Henrique de Boisrogues chamada mais tarde de De Officiis Episcoporum (Da conduta dos Bispos) é reveladora do importante papel dos monges no XII século, e das tensões entre o clero regular e secular.
Em 1128, Bernardo participa do concílio de Troyes, convocado pelo papa Honório II e presidido por Matthieu d’Albano, legado do papa. Bernardo é nomeado secretário do concílio, mas é contestado por uma parte do clero, que pensa que por ser monge, que se intromete em coisas que não são lhe concernem. Ele termina por se desculpar, mas o concílio é fortemente influenciado por sua atuação. É durante este concílio que Bernardo consegue o reconhecimento da Ordem do Templo, os Templários, cujos estatutos são escritos por ele mesmo.
Torna-se uma personalidade importante e respeitada na Cristandade; ele intervém em assuntos públicos, defende os direitos da Igreja contra os príncipes seculares e aconselha papas e reis.
Em 1130, depois da morte de Honório II, durante o cisma de Anacleto II, é a sua voz que faz com que Inocêncio II seja aceito.
Em 1132, ele consegue do papa a independência de Claraval em relação a Cluny.
Nesse período de desenvolvimento das escolas urbanas, no qual os novos problemas são discutidos na forma de questões (quaestio), de argumentação e busca de uma conclusão (disputatio), São Bernardo é defensor de uma linha tradicionalista. Combate as posições de Abelardo, e as faz ser condenadas no concílio de Sens em 1140.
Em 1145, Claraval dá um papa à Igreja, Eugênio III. Quando o reino de Jerusalém é ameaçado, Eugênio III, ele mesmo um cisterciense, pede a Bernardo que pregue a segunda cruzada em Vézelay em 31 de março de 1146 e mais tarde em Spire. Ele o faz com tanto sucesso que o rei Luís VII o Jovem e o imperador Conrado III tomam eles mesmos a cruz.
No concílio de Reims, em 1148, ele faz uma acusação de heresia contra Gilbert de la Porreé, bispo de Poitiers. Não obtém grande sucesso e seu adversário conserva sua posição e prestígio. Cheio de zelo pela Ortodoxia, combate também as teses de Pierre de Bruys, de Arnaldo de Bréscia, e condena os excessos de Raul, um antigo monge de Claraval, que exige o massacre dos Judeus.
Neste mesmo ano, ele prega a cruzada em Hainaut e permanece em Mons, a capital dos condes de Hainaut.
São Bernardo fundou 72 mosteiros, espalhados por toda Europa: 35 na França, 14 na Espanha, 10 na Inglaterra e Irlanda, 6 em Flandres, 4 na Itália, 4 na Dinamarca, 2 na Suécia e 1 na Hungria, além de muitos outros que se filiaram à Ordem.
Em 1151, dois anos antes de sua morte, existem 500 abadias cistercienses. Havia 700 monges ligados a Claraval.
Bernardo morre em 1153 com 63 anos.
Foi canonizado em 18 de junho de 1174 por Alexandre III e declarado Doutor da Igreja por Pio VIII em 1830. É comemorado no dia 20 de agosto.


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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

SAINT OMER

Catedral de S. Omer

Preso à rotina diária, passei pelo quiosque pelo "JN", de que não prescindo ao pequeno-almoço. Não que não tivesse que ler, pois que tem sido meu companheiro "A última Noite em Twisted River". Com aquele diário do Porto veio-me, de oferta, um livrinho de contos, um dos quais o "Patois" de Anatole France, que tem como cenário S. Omer.
Era de lá um dos fundadores da "Ordo Pauperum Commilitonum Christi Templique Salominici". Um outro teria sido de Gondomar. Permanecem alguns enigmas ligados a estes "Trempreiros", como se lhes refere Viterbo.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Joane (Famalicão)

Na madrugada de 11 de Março de 1978, quando as máquinas avançaram sobre as paredes da igreja paroquial, reduzindo-a a um amontoado de destroços e pó, um coro de protestos e de vozes indignadas ecoou por todo o país. Ninguém compreendia, e muito menos aceitava, que fosse possível destruir um aigreja românica, cuja antiguidade ultrapassava a da própria nacionalidade portuguesa, e que um fresco, classificado como imóvel de interesse público, fosse destruído e deitado ao lixo.


“Foi fundada uma basílica na Vila de Joane,no sopé do monte do Castelo de Vermoim,em território portucalense,junto ao Rio Pele,em honra dos santos S.Salvador, Santa Maria sempre virgem, santos Apóstolos Pedro e Paulo” (Tradução de uma parte de um documento em latim,do ano de 1065 da era cristã).Esta igreja tinha como patronos principais o Divino Salvador e Santa Maria sempre virgem ; e, ainda,vários patronos secundários;Apóstolos S.Pedro,S.Paulo,S.Tiago,S.Martinho,S.Miguel Arcanjo,S.Sebastião. (Estas imagens foram recuperadas e algumas estão nos altares da nova igreja).Uma antiga tradição,chegada aos nossos dias,considera a igreja matriz de Joane como antigo mosteiro pertença dos templários.
Também o valioso património que a igreja de Joane possuía – campos e vinhas,rossios e soutos,agras e devesas,várias propriedades agrícolas mostra-nos os antigos domínios dos monges
O primeiro documento escrito conhecido que se refere à Igreja do Divino Salvador de Joane é do sec.xi (ano 1065).
A enciclopédia Verbo também fala da igreja de Joane,dizendo: “Crê-se ter pertencido a Ordem dos Templários,que aqui tiveram reitoria e comenda,dos quais passou para a Ordem de Cristo”.
Junto ao adro da igreja existe,ainda hoje,uma habitação – “Casa da Igreja” – que se diz ter sido a sede da comunidade religiosa,chegando- -se mesmo ao pormenor de referir que um túnel fazia ligação subterrânea entre o mosteiro (igreja) e a respectiva residência.
Também o estilo de construção mostra bem a antiguidade da Igreja Velha – estilo românico pobre.
A Igreja Velha de Joane era um templo constituído por duas naves,separadas por uma arcaria de pedra,apoiada sobre colunas cilíndricas da mesma pedra,que terminavam junto dos altares-mor (dois);possuía vários outros altares laterais.
A prática do culto estendia-se,já, pelo adro da igreja,devido ao elevado número de fieis que a frequentava.Por isso,e também pelo desgaste que sofreu ao longo dos anos,era urgente proceder a obras de restauro e ampliação.
A Igreja Velha apresentava elementos arquitectónicos de características diversas,referentes a diferentes períodos (séc. XVI, XVII, XVIII).
Apesar dessas alterações continuou a ser um templo muito valioso:
a capela-mor tinha muita dignidade e grandeza : o tecto era valioso por város painéis pintados ; as paredes laterais estavam revestidas de azulejos (sec.XVII)
  • a capela do Santíssimo Sacramento era imponente,com uma tribuna sumptuosa e riquíssima;
  • os altares de madeira foram enriquecidos de valiosas talhas douradas,do séc.XVII; 
  • o tecto da sacristia era revestido de paneis pintados; 
  • o chão da igreja em madeira e a cobertura exterior,em telha de cerâmica.
A valorizar ainda mais,havia também “Frescos” (pinturas murais) , na nave norte da velha igreja.Tais pinturas existiam desde a primitiva edificação entre os séculos XI e XII. Para além destes,havia mais dois,mas bastantes degradados.
Este grupo de paneis,entretanto destruído,fora classificado,em Fevereiro de1974,como imóvel de interesse público.
A torre da igreja (único vestígio de construção) era de arquitectura mais moderna com sinos de bronze e um relógio. No Subsolo,quer no interior da igreja,quer no exterior em sua volta,havia sepulturas.Aínda existe,pelo menos um sacrófago (túmulo em pedra),dos vários que aí se encontram.
José Manuel, nº 15

domingo, 31 de julho de 2011

Porto, terra de lendas 3

Rodrigo Mendes da Silva, que ao serviço dos Filipes escreveu "Poblacion general de España" diz que "os gallos-celtas franceses, fundaram a provoação de Gaia, pelos anos 296 antes de J.C. dando-lhe o nome de Porto-Gallo"

sábado, 30 de julho de 2011

Ferrol, Canido

Os artistas do Ferrol desde há três anos que organizam, no mês de Agosto, no bairro do Canido, uma jornada de arte que se transforma numa festas aglutinadora de várias artes. Os artistas plásticos asenhoriam-se das fachadas das velhas casas do Canido e plasmam-lhes as suas versões das "Meninas" de Velásquez.
José González Collado e sua mulher Josefina Pena, residentes no Canido, também lá deixaram a sua contribuição.
JOSÉ GONZALES COLLADO FOI UM COMPANHEIRO DAS ANDANÇAS LUSO-GALAICAS DE OLIVEIRA GUERRA QUE, NOS PRIMÓRDIOS DOS ANOS SESSENTA, LANÇOU A REVISTA CÉLTICA.PINTOR DE ALARGADOS MÉRITOS ACERTOU UMA MOSTRA DA SUA OBRA PARA AQUELES IDOS DE SESSENTA,NO PORTO, QUE O PREMATURO DESAPARECIMENTO DE OLIVEIRA GUERRA NÃO PERMITIU QUE SE CONCRETIZASSE. TODAVIA, VOLVIDOS QUASE 50 ANOS, O DISTINTO MESTRE, VEIO À GALERIA VIEIRA PORTUENSE EXPOR A SUA ARTE COM A MESMA AMIZADE QUE DEVOTOU AO SAUDOSO POETA.


 

Porto, terra de lendas II

Já Floriam do Campo - ainda segundo Bernardo de Brito - diz que os fundadores de Gaia foram os gregos pela mão de Etólia, companheiro de Ulisses na guerra de Tróia, que teriam passado à Itália, depois à Gália e por fim às Hespanhas onde teriam fundado Tide, depois Tude e hoje Tui, nome de homenagem a Tideo,  pai do dito Diomedes. Ora se Troia caiu em 1184 antes de Cristo, já se vê que estes sucessos se deram há muito tempo.
Depois vieram os ditos gregos pelas terras de entre o Douro e o Minho, acabando por passar o rio e fundar Graia, terra de gregos, ou Porto - Graios, isto é porto grego.
Pinho Leal não quer que tenha existido Cale na outra banda, louvando-se nas actas do primeiro concílio bracarense de 459, onde o 2.º Bispo do Porto se assina Arisbertus, Episcopus Portucalensis o que provaria ser Portu-Cale ao norte do rio. Só que não era o rio que impediria o bispo de mandar na povoação se ela fosse ao sul.
Aliás, parece que a parte ribeirinha de Gaia pertenceu ao Porto até muito tarde, começando a vila de Afonso III lá mais para o alto das arribas.

Porto, cidade lendária

São muitas as lendas que envolvem a fundação do Porto. Em Frei Bernardo de Brito lê-se que João Lesso, na sua História da Escócia, diz que quem a fundou, em 1508 antes de Cristo, foi Gatello Cecropis, filho de Neolo, 4.º rei dos gregos, casado com Scota, irmã do Faraó que correu com os judeus. O dito Gatello fugiu do Egipto por causa das pragas e só parou meia légua para lá da foz do rio Douro, onde fundou uma povoação que se denominou Gatellia ou Porto-Gatellio. Prudentio de Sandoval, nas suas "antiguidades de Tuy", diz que este Gatello, também fundou a cidade de Tui.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Sousel, Pelourinho

A primeira referência a Sousel é feita no documento do foral de Estremoz, dado por D. Dinis em 1285. A fundação da vila é tradicionalmente atribuída a D. Nuno Álvares Pereira, que se teria recolhido aí antes da batalha dos Atoleiros, justamente decorrida nos campos entre Sousel e Fronteira, embora não exista qualquer dado histórico que o possa provar. De facto, sabe-se apenas que foi elevada a sede de concelho no séc. XVII, e que integrava as extensas coutadas da Casa de Bragança, o que liga a história da vila à descendência do Condestável, parecendo justificar a citada lenda de fundação. D. Beatriz Pereira Alvim, filha de D. Nuno e herdeira da casa mais opulenta do reino, foi a primeira mulher de D. Afonso, filho natural do Rei D. João I, Conde de Barcelos e primeiro Duque de Bragança, fundando-se assim a casa senhorial mais poderosa do reino.
O pelourinho de Sousel ergue-se na actual Praça da República, junto ao edifício dos Paços do Concelho. Trata-se de uma reconstrução de meados do século XX, feita com aproveitamento dos elementos originais. Sabe-se que em 1940 o mesmo se encontrava em fragmentos, guardados nas arrecadações municipais, estando os ferros em poder de um particular, e que a Câmara Municipal tinha nessa altura a intenção de o restaurar e levantar no local original (ESPANCA, Túlio, 1943). Hoje pode-se enfim apreciar o monumento, de clara tipologia quinhentista; a ligação da localidade à Casa de Bragança torna apelativa a hipótese da construção deste monumento datar de c. 1500, quando D. Manuel I, tio de D. Jaime de Bragança, 4º duque, lhe restabelece os títulos e terras do ducado, perdidos aquando da execução de D. Fernando II, 3º duque, sob acusações de traição e conspiração contra o rei D. João II.
O pelourinho, levantado sobre soco de quatro degraus quadrangulares, de arestas salientes e boleadas, consta hoje de uma base paralelepipédica, um fuste oitavado liso, capitel, remate e grimpa. O capitel é constituído por duas peanhas oitavadas e molduradas, em quatro de círculo côncavo, uma invertida sobre a outra, e unidas por anel circular decorado com nervuras helicoidais e botões. O remate consiste num pilarete de secção circular, com o topo arredondado, decorado com nervuras helicoidais, e cingido na base por dois troncos entrelaçados, ao modo das tradicionais representações da coroa de espinhos. No topo estão quatro cabecinhas humanas, dispostas cardinalmente, de cujo centro sai a grimpa. Esta é composta por um eixo de ferro forjado terminado em cruz trifólia, sob a qual se dispõem uma bandeirola e uma pequena esfera armilar. Entre o fuste e o capitel conservam-se os ferros de sujeição, terminados em cabeças de dragão, com as argolas. SML
(Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico)

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Cidade do Porto


O Porto é uma cidade portuguesa situada no noroeste da Península Ibérica, sede do município homónimo com 41,66 km² de área, tendo uma população de 237559 habitantes (2011). A cidade é considerada uma cidade global gama, sendo a capital do Distrito de Porto, da Área Metropolitana do Porto e da região estatística do Norte, sub-região do Grande Porto. A cidade metrópole, constituída pelos municípios adjacentes que formam entre si um único aglomerado urbano, conta com cerca de 1.286.139 habitantes,  o que a torna a maior do noroeste peninsular e a segunda maior de Portugal, após a Grande Lisboa. É assim o centro de uma grande área metropolitana com cerca de 1,4 milhões de habitantes.
A cidade do Porto é conhecida como a Cidade Invicta. É a cidade que deu o nome a Portugal – desde muito cedo (c. 200 a.C.), quando se designava de Portus Cale, vindo mais tarde a tornar-se a capital do Condado Portucalense. É ainda uma cidade conhecida mundialmente pelo seu vinho, pelas suas pontes e arquitectura contemporânea e antiga, o seu centro histórico, classificado como Património Mundial pela UNESCO, e pelo seu clube de futebol, o Futebol Clube do Porto. (WIKIPÉDIA)

Saint - Véran

Saint - Véran, onde o céu está ao alcance da mão, com os seus 2042 metros de altitude, é a aldeia mais alta da Europa.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Porto, Miragaia

Esta freguesia tem uma história triste. Em frente, do outro lado do rio Douro, havia um castelo habitado por um rei árabe. Aliás na região em frente ao Porto deve ter andado a mouraria durante muito tempo porque na toponímica ainda hoje perduram designações árabes tais como Afurada e Mafamude. Com esse rei, D. Ramiro tinha um tratado de paz do qual o mouro não quis saber, roubando-lhe a mulher, D. Gaia.
O rei coitado, veio das Astúrias, por aí abaixo, com o filho e meia dúzia de cristãos para tirar a mulher das garras do maometano.
Desembarcou na Afurada, disse aos seus homens que se escondessem nos pinhais de Lavadores e que só atacassem quando ouvissem a sua corneta.
Ramiro encaminou-se para a borda de uma fonte onde estava uma moura a encher a cântara. «É para D. Gaia a água», disse a bela aia. O rei pediu para beber da cântara e ao fazê-lo deitou para o fundo da vasilha um anel bem conhecido da rainha.
Quando esta viu o anel, questionou a moura e mandou buscar o rei cristão. «Como me achaste?». «Foi o teu amor que me guiou!» retroquiu-lhe o rei galanteador. Oh, ledo engano!. D. Gaia mandou que o metessem na masmorra e que não lhe dessem de comer.
Quando, passados dias, o rei Mouro chegou da caça, a sua amante D. Gaia, contou-lhe o sucedido e mandaram que lhe trouxessem o invasor. «Vais morrer», disse-lhe o altivo mouro, «mas como és rei diz-me o que me farias, se fosse eu o preso». O rei Ramiro, cheio de ódio e fome, disse-lhe:«Primeiro mandava-te comer um grande capão assado; depois far-te-ia tocar uma corneta na torre mais alta do castelo até estourares; e abriria as portas das muralhas para que toda a gente pudesse vir assistir à tua morte». «Ai é?», diz o soberbo mouro com a aprovação da sua amante Gaia, «pois será isso mesmo que te vou fazer», mandando-lhe dar o capão assado em vinhas de alho e ervas aromáticas e abrir os portões da fortaleza enquanto Ramiro soprava no corno, no cimo da torre mais alta. Ao ouvirem a corneta, os homens de Ramiro lançaram-se pelos portões adentro não ficando ali nenhum mouro vivo, nem do castelo pedra sobre pedra. Entretanto a rainha Gaia olhava as chamas a devorar os aposentos reais do seu amante e chorava...«Que miras tu, ò desavergonhada» diz Almeida Garret que terá perguntado o rei para a rainha. Ao que esta terá respondido:

«Perguntas-me o que miro!
Traidor rei, que hei-de mirar?
As torres daquele alcácer
Que ainda estão a fumegar.

Pois mira, Gaia. E dizendo
Da espada foi arrancar;
Mira, Gaia, que esses olhos
Não terão mais que mirar!

Foi-lhe a cabeça dum talho
E, com o pé, sem olhar,
Borda fora empunha o corpo...
O Douro, que os leve ao mar!

Do estranho caso ainda agora
Memória está a durar.
Gaia, é o nome do castelo
Que, ali, Gaia, fez queimar

Ainda, hoje, está dizendo,
Na tradição popular,
Que o nome tem Miragaia,
Daquele fatal mirar»

terça-feira, 26 de julho de 2011

Porto, Praça do Infante

Assim se denomina porque no centro tem a estátua do Infante D. Henrique, o da Escola de Sagres, do Cabo Bojador, do comércio de escravos. Há quem diga que era homossexual. Fernando Bruquedas, a quem premiaram pela tese "Reis que amaram como Rainhas", questiona a questão. O que é certo é que o seu irmão, rei D. Duarte, chegou a adverti-lo para que "não desse mais prazer aos homens para lá do que se deve fazer de forma virtuosa". Diz a lenda que foi por causa dele que os tripeiros criaram as tripas à moda do Porto. Mas este pitéu leva feijão e o feijão só chegou à Europa no século XVII, sendo certo que a expedição a Ceuta fora em 1415. Por outro lado, se o excesso de tripas (fressuras) fosse um caso acidental, não havia um historial na cidade à roda das fressureiras que tiveram uma rua própria para o seu comércio e uma associação do seu ofício.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Praça de Touros de Ronda

Orson Wells terá sido muito feliz aqui para ter querido que as suas cinzas fossem espalhadas nesta praça de touros, uma das mais antigas de Espanha, já que foi construida em 1784. Porém a de Sousel no Alto Alentejo será mais antiga, se for certo que tenha sido construída em 1725, como por lá se diz.
Quem também por aqui andou foi Hemingwey. É incrível a descrição que faz desta terra no seu "Por Quem os Sinos Dobram".
Os Romeros, pais da tauromaquia moderna, iniciaram aqui a sua escola, com as suas artes e regras.

domingo, 24 de julho de 2011

Castelo de Vaux-le-Vicomte

O "Imprimatur" de Rita Monaldi e Francesco Sorti fala sobre ele, Fouquet, o homem da máscara de ferro da prisão de Pinerolo, depois de ter sido preso aqui por D'Artagnan. Para comemorar o termo das obras deste palácio, convocou para a festa 3.000 pessoas entre os pares do reino e o próprio Luis IV, que passado pouco tempo o mandou prender, certamente por decisão já tomada antes de lhe aceitar o convite. Foi nesta festa que Molière estreou Les Fâcheux. Luis XIV, que desistiu dos seus amores por razões de estado, era um rei azedo e sem poder, que havia sobrevivido à Fronda. Mazarin garantiu-lhe o poder após  a guerra civil, perseguindo os poderosos como Fouquet, de quem se dizia que tinha inveja. O que é certo é que lhe levou os arquitectos e artífices para construir Versailles.

Torre Eiffel

É uma criação de Gustave Eiffel que viveu em Barcelinhos, em frente às obras do que não viria a ser o Paço do Conde de Barcelos, que as interrompeu para não ter de ir varrer as ruas de Guimarães, optando por construir nesta cidade o seu Paço, que passou à história como o Paço dos Duques de Bragança.
Além da estrutura da Estátua da Liberdade que a França ofereceu aos USA, Eiffel construiu a Ponte D. Maria Pia, no Porto, a ponte dupla de Viana do Castelo, a ponte ferroviária de Barcelos, o mercado municipal de Olhão, etc.. Em Sevilha, uma das passagens para o Bairro da Tirana, foi feita pelo engenheiro Eiffel.

Castelo d'Amboise

Bom cruzamento no percurso do Vale do Loire, serve de etapa de descanso. Pode-se comprar algumas garrafas do bom vinho da zona, só por causa do rótulo, já que nessa matéria temos pelo Douro, pelo Dão e pelo Alentejo coisa melhor.
Leonard da Vinci repousa aqui. Homem de todas as artes terá tido a persegui-lo a sua homossexualidade que na altura era crime, pelo qual esteve preso. A sua misoginia poderá ter justificado a sua megalomania que o levava a criar projectos de difícil realização na época. Bem como ao perfeccionismo que o levava a muito projectar e a pouco realizar. Há quem diga que a "Mona Lisa" é o seu auto-retrato.

Catedral de Burgos

Inspirada na catedral de Reims, alberga o túmulo de Cid, El Campeador. A "Canción de Mio Cid" faz dele um herói. Mas outras versões dizem que era um mercenário, com um exército ao serviço de quem melhor o favorecesse, como viria a ser o nosso Geraldo Sem Pavor e os seus ladrões. Dizem que casou por interesse com a feia e velha, mas rica Ximena.
Ximena era também o nome da bela amante de Afonso VI de Leão, de quem este teve a nossa Tareixa, mãe de Afonso Henriques, mulher bela e atreita ao género masculino. Enrodilhada com o filho mais velho do Conde Trava, que passou à filha Urraca, e depois com o mais novo, Fernão, pôs em perigo o domínio dos Senhores de Entre-o-Douro-e-o-Minho, que pegaram no rapazote Afonso Henriques e marcharam a caminho de S. Mamede, para aí darem início à "primeira tarde portuguesa", como chamou Acácio Lino ao seu magnífico quadro que está na Assembleia da República, a representar a batalha de S.Mamede.
Ao contrário do que alguns dizem, não foi aqui, mas em Clavijo, na zona da boa "pinga" de Rioja, que Santiago, travestido de Matamouros, apareceu ao lado de Ramiro I, que se defendia dos mouros que lhe faziam a guerra por ele não lhe querer pagar o tributo que consistia na entrega de cem virgens.

Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães

A última vez que por cá passei foi pela altura da exposição de pintura de José Gonzalez Collado em dois dos seus salões.
Sabe-se que foi o Conde de Barcelos, filho ilegítimo de D. João I que o construiu, mas não se sabe ao certo como era a sua arquitectura, já que depois que os duques de Bragança se mudaram para o Palácio de Vila Viçosa, e com a vinda dos Filipes o palácio caiu no abandono, acabando por se tornar quartel de militares até que Salazar o mandou reconstruir. Como se lhe ignorava a planta inicial inventou-se.
Parece que era daqui perto S. Dâmaso que foi Papa. Pelo sim, pelo não os de Guimarães ergueram-lhe uma igreja, e deram-lhe o nome a uma avenida. Não se portou bem com Prisciliano que lhe foi pedir ajuda a Roma e cujos ossos devem estar na Catedral de Compostela a fingirem de Santiago.
Guimarães deve ser a velha Araduça.
E se alguns historiadores tiverem razão teria sido terra de Vímara Peres, que está ali na Calçada de Vandoma, junto à Sé do Porto, em estátua equestre do saudoso escultor Barata Feyo, cujo atelier José González Collado frequentou quando, nos idos de sessenta, por aqui andou pela mão de Oliveira Guerra, o fundador da Revista Céltica

BAIONA

Por aqui degusta-se bom marisco que se pode acompanhar com alvarinho que, em Espanha, é tão bom como o vento e o casamento.
Aqui há um castelo que foi habitado pelo rei D. Fernando, de Portugal.
Anteriormente, foi atacado pelo almirante Manuel Pessanha que, em boa hora, D. Dinis mandou vir de Génova para organizar a nossa armada.
Na foto, que tirei não sei quando, vê-se, ancorada na baía de Baiona, uma réplica de "La Pinta", uma das três caravelas que Cristóvão Colombo levou à procura do "Novo Mundo".

Santa Maria da Feira

Aproxima-se o dia do começo da Feira Medival em Santa Maria da Feira.
Um festejo medieval faz todo o sentido junto ao Castelo de Santa Maria da Feira, onde "nasceu" Portugal, segundo algumas crónicas. O Dr. Vaz Ferreira defendeu essa tese, sem que Alfredo Pimenta a conseguisse rebater a favor de Guimarães.
Mas antes deles, o Padre Alberto Júlio Soares P. Coutinho Almas, já tinha publicado o seu opúsculo "Figueiredos e Terras de Santa Maria" onde escrevera: «Indiscutivelmente Portugal nasceu no Castelo da Feira- Foi ele o seu berço. Ermígio o Pai de Portugal. S. Mamede foi o terminus da luta e mais nada».