quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Joane (Famalicão)

Na madrugada de 11 de Março de 1978, quando as máquinas avançaram sobre as paredes da igreja paroquial, reduzindo-a a um amontoado de destroços e pó, um coro de protestos e de vozes indignadas ecoou por todo o país. Ninguém compreendia, e muito menos aceitava, que fosse possível destruir um aigreja românica, cuja antiguidade ultrapassava a da própria nacionalidade portuguesa, e que um fresco, classificado como imóvel de interesse público, fosse destruído e deitado ao lixo.


“Foi fundada uma basílica na Vila de Joane,no sopé do monte do Castelo de Vermoim,em território portucalense,junto ao Rio Pele,em honra dos santos S.Salvador, Santa Maria sempre virgem, santos Apóstolos Pedro e Paulo” (Tradução de uma parte de um documento em latim,do ano de 1065 da era cristã).Esta igreja tinha como patronos principais o Divino Salvador e Santa Maria sempre virgem ; e, ainda,vários patronos secundários;Apóstolos S.Pedro,S.Paulo,S.Tiago,S.Martinho,S.Miguel Arcanjo,S.Sebastião. (Estas imagens foram recuperadas e algumas estão nos altares da nova igreja).Uma antiga tradição,chegada aos nossos dias,considera a igreja matriz de Joane como antigo mosteiro pertença dos templários.
Também o valioso património que a igreja de Joane possuía – campos e vinhas,rossios e soutos,agras e devesas,várias propriedades agrícolas mostra-nos os antigos domínios dos monges
O primeiro documento escrito conhecido que se refere à Igreja do Divino Salvador de Joane é do sec.xi (ano 1065).
A enciclopédia Verbo também fala da igreja de Joane,dizendo: “Crê-se ter pertencido a Ordem dos Templários,que aqui tiveram reitoria e comenda,dos quais passou para a Ordem de Cristo”.
Junto ao adro da igreja existe,ainda hoje,uma habitação – “Casa da Igreja” – que se diz ter sido a sede da comunidade religiosa,chegando- -se mesmo ao pormenor de referir que um túnel fazia ligação subterrânea entre o mosteiro (igreja) e a respectiva residência.
Também o estilo de construção mostra bem a antiguidade da Igreja Velha – estilo românico pobre.
A Igreja Velha de Joane era um templo constituído por duas naves,separadas por uma arcaria de pedra,apoiada sobre colunas cilíndricas da mesma pedra,que terminavam junto dos altares-mor (dois);possuía vários outros altares laterais.
A prática do culto estendia-se,já, pelo adro da igreja,devido ao elevado número de fieis que a frequentava.Por isso,e também pelo desgaste que sofreu ao longo dos anos,era urgente proceder a obras de restauro e ampliação.
A Igreja Velha apresentava elementos arquitectónicos de características diversas,referentes a diferentes períodos (séc. XVI, XVII, XVIII).
Apesar dessas alterações continuou a ser um templo muito valioso:
a capela-mor tinha muita dignidade e grandeza : o tecto era valioso por város painéis pintados ; as paredes laterais estavam revestidas de azulejos (sec.XVII)
  • a capela do Santíssimo Sacramento era imponente,com uma tribuna sumptuosa e riquíssima;
  • os altares de madeira foram enriquecidos de valiosas talhas douradas,do séc.XVII; 
  • o tecto da sacristia era revestido de paneis pintados; 
  • o chão da igreja em madeira e a cobertura exterior,em telha de cerâmica.
A valorizar ainda mais,havia também “Frescos” (pinturas murais) , na nave norte da velha igreja.Tais pinturas existiam desde a primitiva edificação entre os séculos XI e XII. Para além destes,havia mais dois,mas bastantes degradados.
Este grupo de paneis,entretanto destruído,fora classificado,em Fevereiro de1974,como imóvel de interesse público.
A torre da igreja (único vestígio de construção) era de arquitectura mais moderna com sinos de bronze e um relógio. No Subsolo,quer no interior da igreja,quer no exterior em sua volta,havia sepulturas.Aínda existe,pelo menos um sacrófago (túmulo em pedra),dos vários que aí se encontram.
José Manuel, nº 15

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