sábado, 27 de agosto de 2011

Fontaine-lès-Dijon, foi por aqui que nasceu S. Bernardo, grande entre os cistercencenses presentes na fundação de Portugal e autor das regras dos Pobres Cavaleiros de Cristo, também conhecidos como templários ou tempeiros

Nascido em 1090, numa grande família nobre da Borgonha, no castelo de Fontaine-lès-Dijon, Bernardo foi o terceiro de sete filhos de Tescelin o Vermelho (Tescelin Sorrel) e de Aleth de Montbard.
Com a idade de nove anos, é enviado para a Escola Canônica de Châtillon-sur-Seine, onde mostra um gosto particular pela literatura.
Em 1112, decide entrar na Abadia de Cister, fundada em 1098 por São Roberto de Molesme, e na qual Santo Estevão Harding havia acabado de ser eleito Abade. Convence vários amigos, irmãos e parentes a ingressarem com ele na vida monástica e chega assim com outros 30 candidatos para entrar na Abadia.
Em 1115, Estevão Harding envia-o à frente de um grupo de monges para fundar uma nova casa cisterciense no vale de Langres, em Ville-sous-la-Ferté. A fundação é chamada "Vale Claro", ou Clairvaux – Claraval. Bernardo é nomeado Abade desta nova Abadia, e confirmado por Guilherme de Champeux, bispo de Châlons e célebre teólogo.
Os primórdios de Claraval são difíceis: a disciplina imposta por São Bernardo é bastante severa. Bernardo busca formação nas Sagradas Escrituras e nos Padres da Igreja. Ele tem uma predileção quase exclusiva pelo Cântico dos Cânticos e por Santo Agostinho. O livro e o autor correspondem às tendências da época.
Muitas pessoas afluem à nova abadia e Bernardo acaba por converter toda sua família: seu pai, Tescelin, e seus cinco irmãos tornam-se monges em Claraval. Sua irmã, Umbelina, toma igualmente o hábito no priorado de Jully-les-Nonnains.
A partir de 1118, novas casas são fundadas (a exemplo da Abadia Nossa Senhora de Fontenay, para evitar a superlotação de Claraval.
Em 1119, Bernardo faz parte do Capítulo Geral dos Cistercienses convocado por Estevão Harding, que dá sua forma definitiva à Ordem. A Carta da Caridade, que é então redigida, é confirmada pouco depois pelo papa Calisto II.
É nesta época que Bernardo escreve suas primeiras obras, tratados e homilias e, sobretudo, uma Apologia, escrita a pedido de Guilherme de Saint-Thierry, que defende os beneditinos brancos (os cistercienses segundo a cor de seu hábito) contra os beneditinos negros (clunisienses). Pedro, o Venerável, abade de Cluny, responde-lhe amistosamente, e apesar de suas diferenças ideológicas, os dois homens tornam-se amigos. Ele envia igualmente numerosas cartas para incentivar à reforma o resto do clero, em particular os bispos. Sua carta ao arcebispo de Sens, Henrique de Boisrogues chamada mais tarde de De Officiis Episcoporum (Da conduta dos Bispos) é reveladora do importante papel dos monges no XII século, e das tensões entre o clero regular e secular.
Em 1128, Bernardo participa do concílio de Troyes, convocado pelo papa Honório II e presidido por Matthieu d’Albano, legado do papa. Bernardo é nomeado secretário do concílio, mas é contestado por uma parte do clero, que pensa que por ser monge, que se intromete em coisas que não são lhe concernem. Ele termina por se desculpar, mas o concílio é fortemente influenciado por sua atuação. É durante este concílio que Bernardo consegue o reconhecimento da Ordem do Templo, os Templários, cujos estatutos são escritos por ele mesmo.
Torna-se uma personalidade importante e respeitada na Cristandade; ele intervém em assuntos públicos, defende os direitos da Igreja contra os príncipes seculares e aconselha papas e reis.
Em 1130, depois da morte de Honório II, durante o cisma de Anacleto II, é a sua voz que faz com que Inocêncio II seja aceito.
Em 1132, ele consegue do papa a independência de Claraval em relação a Cluny.
Nesse período de desenvolvimento das escolas urbanas, no qual os novos problemas são discutidos na forma de questões (quaestio), de argumentação e busca de uma conclusão (disputatio), São Bernardo é defensor de uma linha tradicionalista. Combate as posições de Abelardo, e as faz ser condenadas no concílio de Sens em 1140.
Em 1145, Claraval dá um papa à Igreja, Eugênio III. Quando o reino de Jerusalém é ameaçado, Eugênio III, ele mesmo um cisterciense, pede a Bernardo que pregue a segunda cruzada em Vézelay em 31 de março de 1146 e mais tarde em Spire. Ele o faz com tanto sucesso que o rei Luís VII o Jovem e o imperador Conrado III tomam eles mesmos a cruz.
No concílio de Reims, em 1148, ele faz uma acusação de heresia contra Gilbert de la Porreé, bispo de Poitiers. Não obtém grande sucesso e seu adversário conserva sua posição e prestígio. Cheio de zelo pela Ortodoxia, combate também as teses de Pierre de Bruys, de Arnaldo de Bréscia, e condena os excessos de Raul, um antigo monge de Claraval, que exige o massacre dos Judeus.
Neste mesmo ano, ele prega a cruzada em Hainaut e permanece em Mons, a capital dos condes de Hainaut.
São Bernardo fundou 72 mosteiros, espalhados por toda Europa: 35 na França, 14 na Espanha, 10 na Inglaterra e Irlanda, 6 em Flandres, 4 na Itália, 4 na Dinamarca, 2 na Suécia e 1 na Hungria, além de muitos outros que se filiaram à Ordem.
Em 1151, dois anos antes de sua morte, existem 500 abadias cistercienses. Havia 700 monges ligados a Claraval.
Bernardo morre em 1153 com 63 anos.
Foi canonizado em 18 de junho de 1174 por Alexandre III e declarado Doutor da Igreja por Pio VIII em 1830. É comemorado no dia 20 de agosto.


Wikipédia

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

SAINT OMER

Catedral de S. Omer

Preso à rotina diária, passei pelo quiosque pelo "JN", de que não prescindo ao pequeno-almoço. Não que não tivesse que ler, pois que tem sido meu companheiro "A última Noite em Twisted River". Com aquele diário do Porto veio-me, de oferta, um livrinho de contos, um dos quais o "Patois" de Anatole France, que tem como cenário S. Omer.
Era de lá um dos fundadores da "Ordo Pauperum Commilitonum Christi Templique Salominici". Um outro teria sido de Gondomar. Permanecem alguns enigmas ligados a estes "Trempreiros", como se lhes refere Viterbo.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Joane (Famalicão)

Na madrugada de 11 de Março de 1978, quando as máquinas avançaram sobre as paredes da igreja paroquial, reduzindo-a a um amontoado de destroços e pó, um coro de protestos e de vozes indignadas ecoou por todo o país. Ninguém compreendia, e muito menos aceitava, que fosse possível destruir um aigreja românica, cuja antiguidade ultrapassava a da própria nacionalidade portuguesa, e que um fresco, classificado como imóvel de interesse público, fosse destruído e deitado ao lixo.


“Foi fundada uma basílica na Vila de Joane,no sopé do monte do Castelo de Vermoim,em território portucalense,junto ao Rio Pele,em honra dos santos S.Salvador, Santa Maria sempre virgem, santos Apóstolos Pedro e Paulo” (Tradução de uma parte de um documento em latim,do ano de 1065 da era cristã).Esta igreja tinha como patronos principais o Divino Salvador e Santa Maria sempre virgem ; e, ainda,vários patronos secundários;Apóstolos S.Pedro,S.Paulo,S.Tiago,S.Martinho,S.Miguel Arcanjo,S.Sebastião. (Estas imagens foram recuperadas e algumas estão nos altares da nova igreja).Uma antiga tradição,chegada aos nossos dias,considera a igreja matriz de Joane como antigo mosteiro pertença dos templários.
Também o valioso património que a igreja de Joane possuía – campos e vinhas,rossios e soutos,agras e devesas,várias propriedades agrícolas mostra-nos os antigos domínios dos monges
O primeiro documento escrito conhecido que se refere à Igreja do Divino Salvador de Joane é do sec.xi (ano 1065).
A enciclopédia Verbo também fala da igreja de Joane,dizendo: “Crê-se ter pertencido a Ordem dos Templários,que aqui tiveram reitoria e comenda,dos quais passou para a Ordem de Cristo”.
Junto ao adro da igreja existe,ainda hoje,uma habitação – “Casa da Igreja” – que se diz ter sido a sede da comunidade religiosa,chegando- -se mesmo ao pormenor de referir que um túnel fazia ligação subterrânea entre o mosteiro (igreja) e a respectiva residência.
Também o estilo de construção mostra bem a antiguidade da Igreja Velha – estilo românico pobre.
A Igreja Velha de Joane era um templo constituído por duas naves,separadas por uma arcaria de pedra,apoiada sobre colunas cilíndricas da mesma pedra,que terminavam junto dos altares-mor (dois);possuía vários outros altares laterais.
A prática do culto estendia-se,já, pelo adro da igreja,devido ao elevado número de fieis que a frequentava.Por isso,e também pelo desgaste que sofreu ao longo dos anos,era urgente proceder a obras de restauro e ampliação.
A Igreja Velha apresentava elementos arquitectónicos de características diversas,referentes a diferentes períodos (séc. XVI, XVII, XVIII).
Apesar dessas alterações continuou a ser um templo muito valioso:
a capela-mor tinha muita dignidade e grandeza : o tecto era valioso por város painéis pintados ; as paredes laterais estavam revestidas de azulejos (sec.XVII)
  • a capela do Santíssimo Sacramento era imponente,com uma tribuna sumptuosa e riquíssima;
  • os altares de madeira foram enriquecidos de valiosas talhas douradas,do séc.XVII; 
  • o tecto da sacristia era revestido de paneis pintados; 
  • o chão da igreja em madeira e a cobertura exterior,em telha de cerâmica.
A valorizar ainda mais,havia também “Frescos” (pinturas murais) , na nave norte da velha igreja.Tais pinturas existiam desde a primitiva edificação entre os séculos XI e XII. Para além destes,havia mais dois,mas bastantes degradados.
Este grupo de paneis,entretanto destruído,fora classificado,em Fevereiro de1974,como imóvel de interesse público.
A torre da igreja (único vestígio de construção) era de arquitectura mais moderna com sinos de bronze e um relógio. No Subsolo,quer no interior da igreja,quer no exterior em sua volta,havia sepulturas.Aínda existe,pelo menos um sacrófago (túmulo em pedra),dos vários que aí se encontram.
José Manuel, nº 15